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[DESBRAVANDO] Desafio Cidade Maravilhosa 2019

DEUS VAI TE LEVANTAR DAS CINZAS E DO PÓ!!!

[O DESPERTAR] Iniciei 2019 com mais incertezas que convicções. De volta pra casa, após muito tempo fora. Readaptação. Vida profissional com um desafio enorme que exigiu e exige dedicação total, atenção e doação. Recomeçar, mesmo que em casa, é sempre complicado. Como a maioria de todos os atletas de corrida, isso pra mim é um hobby, uma válvula de escape, o momento que tenho de me libertar e aproveitar. Pode ser que alguns achem loucura, mas quem corre, sabe do que estou falando. Por optar sempre pelo EUTROCÍNIO (sempre), a dedicação a vida profissional sempre venha em primeiro plano. Talvez seja isso a maior glória de quem corre uma Maratona. O cara comum, que acorda de madrugada para pagar a planilha, voa pra casa para vestir a armadura de executivo e depois de um dia inteiro de muito trabalho (muitas vezes com dias muito cheios e não muito bons), ter que encontrar motivação e coragem para, no meu caso, que dependo da força, fazer o treino de fortalecimento. Sem falar que, você tem que ser executivo 110%, pois seu sustento e da sua família é a sua empresa que fornece, mas tem que ser atleta 100%, Filho 100%, Tio 100%, Irmão 100%, Amigo 100%, Vizinho 100%. Nada nem ninguém, quer menos que o seu melhor. São essas escolhas, prioridades, privações, abdicações, que o atleta de Maratona tem que fazer, que o diferenciam dos demais. Na chegada de uma Maratona, não são atletas que chegam, são histórias.
[O FILME] Não fiz uma preparação adequada. Aliás, nos últimos 2 anos, devido as turbulências da vida, encontrei sérias dificuldades em manter o ritmo e nível de treinos para provas longas. O trabalho requerendo atenção exclusiva e constante, e a falta do porto seguro que havia em Manaus, com uma equipe de acompanhamento presente no dia a dia, com preparador físico, preparador de corrida e fisioterapeuta, forçaram a uma sobrecarga de motivação pessoal e confiança nesses profissionais qualificados. Treinar sozinho, acompanhado à distância, numa terça-feira à noite, é um desafio a sua resiliência. Além disso, teve a falta de responsabilidade e cuidado comigo mesmo. Passei do ponto. Comida e Bebida. Reconheço que não tive a disciplina necessária para um Maratonista até abril. Levei um puxão de orelha. Rapaz, vai jogar fora tudo que conquistou? Fiz algumas provas onde senti muitas dores, sobretudo no quadril. Estava longe de ser um Maratonista. Lento, pesado, dolorido e desmotivado. 
[DÚVIDAS] Nas condições que estava, além das condições financeiras, ir a Maratona Internacional em São Paulo, era inviável. Não conseguia correr 10 km sem dores. Não tinha força, estava pesado demais, estava correndo somente com o coração. Fui realizar um sonho, correr no Paraíso. Meia Maratona de Jericoacoara foi um divisor de águas. Talvez a prova mais dolorida de toda minha vida. 90% do percurso em areia e pra finalizar o Morro do Serrote. Ali em cima, veio a decisão. Ou você se dedica, ou acabou. 
[A FORÇA] Daquele dia em diante, o MONSTRO (havia parado de utilizar essa palavra) renasceu. Só que até aquele momento, nem passagens para o Rio eu tinha comprado. Ainda era uma incógnita no meu coração. Sofri pra correr 21 km na areia, como iria correr 63 km no Rio? Recomecei do zero. Dieta, Foco nos treinos. O Dr. Hayek foi mais uma vez determinante. Tira as palmilhas, corre sem elas e me fala como se sente. As dores no quadril foram diminuindo. À medida que o peso ia baixando com a dieta (foram muitas provações), os treinos ficando mais intensos, o rendimento começou a melhorar nas pistas, mas ainda não estava decidido. Além da questão física, tinha o lado profissional, pois teria que me ausentar um dia de trabalho para poder ir ao Rio.
[CONFIANÇA] Somente após a Corrida da Unifor, primeira corrida em muito tempo que consegui correr em bom nível, que senti no coração a confiança para ir pro Desafio no Rio. Mais que não sentir dor na corrida, era sentir a recuperação pós prova, já que no Rio seriam dois dias consecutivos. Aqui vai uma revelação. A maior distância que percorri em treinos/provas até o Desafio no Rio, foram 21 km, ou seja, só tinha uma chance. Era vencer ou me entregar e parar. 
[O MESTRE] Talvez, somente uma pessoa não desacreditou. O cara que me transformou no MONSTRO. Alexandre Ribeiro. Nem ele sabia que não tinha comprado as passagens. Seus alertas, seu profissionalismo, sua amizade, até mesmo para me chamar a atenção, o senhor foi fundamental. Como está a dieta? Como está o treino de Corrida? A nossa empatia, mesmo à distância, entende, que, olha você está acima do peso, você não está treinando o suficiente. Somente o “treino da alma”, na sexta-feira, último dia da terceira semana da periodização, após o “Fechou?” que tive a certeza.
[GRATIDÃO] Agradecer a REDE PARCERIA, na pessoa do seu Presidente e todos os diretores, que permitiram que eu pudesse viajar e tentar realizar mais esta conquista. Meu maior, melhor e mais sincero, muito obrigado. Estava convicto. Empresa autorizou, corpo respondendo bem nas corridas, cabeça focada no Desafio, estratégia montada, passagem comprada 10 dias antes da viagem. Pensei, vou com o que tenho de melhor, FÉ e determinação. Vamos em busca do Selo 13.
[CIDADE MARAVILHOSA] O Rio é uma cidade mágica. Minha irmã Karina e meu cunhado/irmão Ricardo, nem em 1.000 anos vou conseguir retribuir a metade do que fazem por mim. A receptividade, o carinho, a dedicação, vivenciar junto um sonho. Gratidão. Reencontrar os amigos de Manaus, meu Mestre de Corridas, Mario Marques e meu amigão, meu fã, BIEL MONSTRINHO, foi sem dúvidas emocionante. Aquele mar laranja em Copacabana me fez reviver 3 anos atrás, quando busquei a assessoria do Professor e pude perceber a evolução de cada um e sobretudo da Assessoria. Um trabalho de excelência. Kit na mão. Vai começar.
[#VAMOSPCIMA] Correr no Rio de Janeiro é a melhor experiência para um atleta. O clima, o visual, a atmosfera. Tudo perfeito. O percurso esse ano mudou por motivos estruturais da cidade, mas mesmo não passando mais pela Niemeyer, é belíssimo. Estratégia era a mesma que funcionou ano passado, fazer os 21 km bem tranquilo, sem se preocupar com tempo de prova. Entre 2:30 e 2:40 estaria excelente, pois no dia seguinte tem a “Mãe de Todas as Provas”. Largada em ondas, pelo pace indicado na inscrição. Agradecimento ao Criador por me permitir mais uma vez estar ali, fazendo o que gosto, superando todas as incertezas e adversidades. Aquele momento ali é você e DEUS. 
[1º DIA - 21 KM] Larguei no pelotão 4, quando já havia 25 minutos de prova. Uma festa incrível, um mar de atletas pelas ruas do Leblon, de lá para Ipanema nem se sente a mudança. Só se conhece pela mudança da imagem no calçadão. Empolgação total, entramos por Copacabana. A praia mais famosa do planeta e o público aplaudindo. Famílias inteiras, atletas que só iriam participar no dia seguinte, muitos conhecidos. 
[MEDO] Eis que do km 7 para o km 8, um susto. Tropecei. Tentei me equilibrar, mas não foi possível. Caí. Bati o joelho direito no chão, sai aterrissando forçadamente na pista. Um gigante ao solo. Na minha cabeça só me veio uma coisa: ACABOU.
[SUSTO] Corredores são seres solidários. Não lembro dos atletas, mas Deus abençoe cada um deles que me ergueram do chão, me deram água e spray. Bati os pés no chão. Dá pra ir? Perguntou um deles. Dá. Vamos. E fui. Foram quilômetros em silêncio. Nada de dores ocasionadas pela queda. À medida que ia avançando na prova, a confiança ia voltando. Estava com o tempo dentro do estipulado e inteiro. Passamos pelo aterro e foi uma festa de reencontros. Muita gente conhecida. Reta final dos 21 km, encontro um "Mário Runners", Robson Luz. Fomos juntos, falando das histórias de cada um. Das viradas positivas que a vida dá quando você se põe de joelhos e entrega sua vida nas mãos de DEUS. Escutar e honrar a história de cada um é o que nos encoraja a sermos ainda melhores. Obrigado irmão.
[21K DESBRAVADOS] Reta final dos 21 km, de volta ao aterro, tranquilo. Primeira parte do Desafio realizado. Detalhe. Minha melhor corrida do ano. Como eu falei a alguns amigos, fiquei inteiro aos 47 do segundo tempo, depois de desacreditar de ainda ser possível. Lembrança de arrepiar. Uma das estratégias para o sucesso no Desafio, é o pós prova dos 21 km. Mário Runners em parceria com a Fisio Gade, montaram uma estrutura para os atletas de Recovery que foram determinantes. Tiago, Fisioterapeuta, seu trabalho no meu pós prova dos 21 km foi crucial, pois me deixou inteiro para o Selo 13. Era alimentar, hidratar e descansar.
[2º DIA - 42 KM] Na largada dos 42 km há sempre um clima tenso. Muitos atletas estão ali pela primeira vez. Realizando um sonho. Alguns mais experientes, tentando melhorar. Outros resistindo. Uns jovens, alguns coroas, outros senhores. Todos covardes naquele momento. Não existe corajoso na largada. A prova impõe respeito. Todos têm comum uma coisa: “Ninguém alinha na largada de uma Maratona sem ter feito muito por estar ali. Treino, dedicação, abdicação, ..., renúncia. Está tudo ali para ser decidido no 42.195m. Lágrimas na oração, agradecendo a oportunidade. Quem treinou muito, boa prova. Quem treinou pouco, boa sorte.
[LARGOU] Largada em ondas novamente, passei pelo pórtico com 28 minutos de prova. Uma grandiosa festa. Todos os estados do Brasil, muitos atletas do exterior, o maior festival de corridas da América Latina. Momentos antes, minha amiga Guerreira, Gracilda Limeira, veio se juntar comigo. Para minha enorme satisfação e alegria, encontro o MESTRE das Maratonas, meu guru, Cláudio Rais. Uma enciclopédia de Maratonas, voltando a prova após muita luta com o nervo ciático. Partimos.
[ESTRATÉGIA] Manter o pace entre 7:20 e 07:30 min/km até onde desse. Não brigar com o túnel Marcelo Alencar e chegar. Esse era o pensamento. Confortavelmente correndo pelo aterro em direção a Praça 15, fomos eu, Gracilda e Claudio. Conversa e corrida. A partir do km 6, percurso ficou meio confuso, até chegarmos à entrada do túnel. Descida forte que do outro lado, víamos os atletas com dificuldade para subir. Talvez tenha sido o ponto ruim do percurso, muito vai e vem. Ver os atletas do outro lado da rua e pensar que ainda tem toda uma volta pra dar, exige uma maior força psicológica. 
[AMIGOS] Cláudio abriu para fazer sua prova. Já havia aquecido e ia melhorar o pace. Ficamos eu e Gracilda. Descendo e subindo o túnel e serpenteando o percurso até voltar ao túnel no km 10. Subida dura do km 11 para o km 13. Força. Mais um zigue-zague para acessar o aterro novamente. Quase 18 km de prova, passamos onde seria a chegada. Vencedor já havia cruzado a linha. Gracilda abriu na frente e eu mantive a estratégia. Quero chegar. Durante todo o percurso, do outro lado tem os corredores voltando. Bom que vem o incentivo, aquele “Vai Monstro”. E fomos. Em direção a Copacabana e chegando à metade da prova. A pancada no joelho do dia seguinte começou a incomodar, mas nada relevante. Seguia firme, com um único propósito de contornar até o Leblon e voltar. Após os 21 km da Maratona vislumbra-se a possibilidade de chegar. À medida que vai avançando, a contagem ficando regressiva, apesar do cansaço, a confiança vai aumentando. Graças a DEUS e a Alexandre Ribeiro, não tenho problemas com cãibras. Em cada posto médico que passava, as ambulâncias estavam lotadas. Saímos de Copacabana em direção à Ipanema e Leblon, 25 km desbravados. Em muitas provas acontece isso. Largo atrás, aquela montanha se arrastando pela rua, mas pelo caminho encontrando os amigos e da maneira que posso, ajudando, seja com um gel de carboidratos, um spray, um copo com água, ou até mesmo com uma palavra de incentivo. Muita gente conhecida de todas as partes do país na luta para voltar ao aterro. 
[LEMBRANÇAS] Finalmente, chegou à virada no Leblon, km 28. Faltava a última perna da prova, 14 km pro final. Cansaço. Nessa hora não tem pace, estratégia, nada. Tem coração. Dessas coisas que só acontecem em Maratona, uma voz do meu lado me pergunta: “Tu fizeste o desafio ano passado né? Nós chegamos juntos.” Meu amigo, Túlio, de Brasília, esse ano não estava no desafio, mas estava na guerra dos 42 km. Recuperado recente de uma lesão, estava correndo pela família (filho recém-nascido) e por sua fisioterapeuta. Fomos mais uma vez juntos. Trazendo quem estivesse pelo caminho na mesma toada. Foi assim que vieram se juntar Baltazar e Daniele. Seguimos os 4 em direção a Copacabana pela última vez no final de semana. 
[CALOR] Após 30 km, cada km é uma eternidade. Sol forte, cansaço, força e nada de chegar. A companhia dos amigos faz com que as forças melhorem, apesar de estarmos tão cansados e compenetrados que as palavras são poucas, mas um incentivando o outro fomos avançando.
[DETALHES] Pela primeira vez o percurso entra pelo Leme. Um retorno na minha concepção, desnecessário, um km que poderia ser feito no Aterro. Mas são coisas da organização. Túnel de Botafogo, km 38. Estranhamente o cansaço vai passando. É o som da chegada. Último ponto de hidratação no km 39 para o km 40 e a chegada na alameda do Aterro. Olhar fixo na grande curva. A cabeça começa a embaralhar com a perspectiva da chegada. Vejo alguns atletas com a medalha no pescoço. Uma atleta passou com as 3 medalhas do Desafio e falou: “As minhas estão aqui.”
[KM 40] uma fila de atletas para tirar foto na placa de marcação. Os fotógrafos posicionados tirando milhões de fotos com o Pão de Açúcar ao fundo. Esta hora, Baltazar e Daniele, abriram para seus momentos de glória e êxtase. Entramos pelo Km 41, eu e Túlio. As bandeiras tremulando, o gradil afunilando os atletas pra chegada. Avisto minha irmã, com a bandeira do meu tricolor, uma vibração de quem chegou: “Vai Leão”. Esse grito de minha irmã e meu cunhado estão tatuados em meu coração. 28 km correndo com as pernas, 10 km correndo com a cabeça,  4 km correndo com o coração e 195 m em lágrimas de incredulidade, gratidão, força mental, resiliência, O MONSTRO chegou. 
[SELO 13] Pela 13ª vez, o MONSTRO vence seus limites. Uma das mais difíceis e prazerosas provas que participei. De todas as incertezas e dúvidas do início até a glória da chegada. Só DEUS pode explicar. Só DEUS pode ajudar.

13 Selos. Do solo à glória. Deus te levanta das cinzas e do pó.

Não chegou um atleta. Chegou uma história. UMA HISTÓRIA MONSTRUOSA.

Por Jean Nogueira, o nosso amigo MONSTRO!
Superação!
Bençãos!
Alegria!

Comentários

  1. Q narração!!! Parabéns, amigo!! Vc é inspiração para muitos!!!!!

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  2. Um super guerreiro vitorioso, nossa total admiração ❤

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  3. Emocionante amigão! Parabéns pela forma como você conseguiu descrever com detalhes. Tenho muita admiração pelo seu exemplo de vida.

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  4. Força amigo continue nunca desista dos seus sonhos. Aquele abraço monstro.

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  5. Me emociono sempre com suas palavras, vc descreve sua história tocando nos nossos corações, pois todos nós passamos por alguma dificuldade até alcançar o objetivo. A sua vida inteira passa pela sua cabeça quando vc corre uma maratona, tudo q vc passou pra estar ali passa pela sua cabeça, é uma viagem muito louca, é realmente lindo d viver. Parabéns meu amigo, vc é um exemplo pra mim. O Monstro voltou!

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